Ana Selma dos Santos (Secretária de Promoção da Cidadania do Jaboatão dos Guararapes)

23 julho 2009

Prefeitura envia ao Pronasci projeto de proteção às mulheres
Construção do Centro de Referência está orçado em aproximadamente R$ 500 mil






A Secretaria Especial da Mulher de Jaboatão dos Guararapes já encaminhou ao Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) o projeto para a construção do Centro de Referência em Assistência à Mulher Vítima de Violência do município. O espaço vai receber as mulheres vítimas de violência doméstica e sexista que necessitam de apoio e orientação social, psicológica, e jurídica.

O projeto está avaliado em aproximadamente R$ 500 mil, sendo R$ 355 mil para compra do terreno e construção do espaço, e o restante para estruturação do funcionamento do local. Atualmente o atendimento a essas mulheres tem sido realizado na sede da secretaria, mas o Governo Municipal aguarda aprovação e envio de verba do Pronasci para otimizar o serviço de proteção às vítimas.

No primeiro semestre de 2009 foram atendidas 58 mulheres que procuraram o serviço através de demanda espontânea e de encaminhamento de outros órgãos. Três destas mulheres foram enviadas às Casas Abrigo mantidas pelo Governo do Estado, e uma delas teve apoio para mudar de estado, sendo enviada à São Paulo. Todo o trabalho de apoio às vítimas é realizado através de uma rede que envolve os governo Federal, Estadual e Municipal e algumas ONG’s especializadas.

A articulação mantida entre essas diferentes instâncias garante uma melhora no fluxo de atendimento e um fortalecimento das ações protetivas. Foi graças a essa rede que Solange* saiu da Fortaleza e foi trazida a Jaboatão dos Guararapes. Ela sofreu violência doméstica durante 11 anos até ter coragem de denunciar o companheiro. Após a denúncia, Solange e os dois filhos permaneceram durante seis meses em uma Casa Abrigo Cearense, até se mudarem para Jaboatão, onde estão reconstruindo suas vidas.

“Eu não sabia o que era paz, tranqüilidade”, desabafa a vítima. “Ele me batia toda vez que bebia, me chutava. Eu ficava cheia de marcas no corpo, nos olhos. Ele quebrou meu braço. Bateu no meu filho”, conta. Solange explicou que após procurar a delegacia, sentiu-se inteiramente protegida da violência, e que só se arrepende de não ter denunciado antes. “Mas eu tinha medo e não tinha para onde ir. Não tenho ninguém, ele era a minha única família”, completa.

A chefe do Núcleo de Fortalecimento da Rede de Atendimento da Prefeitura de Jaboatão, Glauce Barbosa, explicou que dependência financeira e emocional são fatores que estimulam o silêncio das mulheres. “Especialmente no caso das mulheres que têm filhos”, disse ela. De acordo com Glauce, esta realidade reforça a importância de assegurar a funcionalidade e eficácia dessas medidas protetivas.

Outro ponto importante é o investimento nas atividades de conscientização, que funcionam como ações preventivas. “Não podemos nos deter apenas no fim da história. Temos que fazer um trabalho de prevenção para evitar que essas mulheres cheguem a um ponto crítico”, afirma Bianca Freire, coordenadora de enfrentamento à violência contra a mulher. Para isso, o município vem desenvolvendo diversas campanhas de Combate à Violência Contra a Mulher, além de mapear entidades que trabalham com o público feminino para estabelecer parcerias que aproximem a Secretaria da Mulher e a população.

* Solange é um nome fictício usado para preservar a identidade da vítima.


Por: Monaliza Brito em 20072009 às 17h44


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